sexta-feira, 11 de julho de 2014

Dia após dia

Deixei partir uma das últimas pessoas que acreditou em amor verdadeiro. Talvez porque eu não soube sentir a verdade, de verdade. A ausência se sente quando há falta, mas não quando tudo é pleno. Foi Neruda quem disse que está proibido a não sorrir aos problemas, a não lutar pelo que quero, a abandonar tudo por medo e a não converter em realidade os meus sonhos. Foi com medo da morte que me apeguei à vida e percebi que só viverei esta vida uma única vez. Foi desse apego mortal à vida que decidi que ela apenas possui dois caminhos. Ou ela caminha, dia após dia, para o seu fim. Ou ela caminha, dia após dia, tornando-se plena. Decidi então acordar todos os dias, de hoje em diante, e escolher ser feliz. E assim viverei todos os meus lados e minhas múltiplas personalidades. Opto por cultivar meu lado mais sombrio, a chorar minhas angústias e a sentir meu luto. Opto por manter em mim toda a maldade que possuo, porque só meu lado sombrio me permite conhecer o meu lado claro e leve. Opto por sentir em mim toda a bondade que existe no mundo. Decido acordar todos os dias e lutar pelos meus sonhos, até que eles se tornem realidade. Opto por não cultivar expectativas, jamais, mas a nunca perder a esperança. Opto por me apaixonar, quantas vezes forem necessárias, para viver com frio na barriga e sentir uma trava na garganta, ainda que eu venha a me apaixonar sempre pela mesma pessoa.