terça-feira, 28 de setembro de 2010



Ela dança em águas límpidas. Translúcidas. Encobrem-na; descobrem-na. O movimento gracioso. Os desequilíbrios. Tudo aquilo que é formoso. Quando tropeça, a água se move por inteira. Circulares pequenos que ao final convergem nas ondas da denúncia do imperfeito. Mas ela não para de queimar fogo que, de calor, ardo o corpo da defesa do olhar do outro. E sinto. Com a ponta dos dedos; pinto. De olhos fechados; brado. E imagino. Represento. Crio a imagem tua que não és tu. Sou eu. A luz dança púrpura.

domingo, 26 de setembro de 2010

Na neblina desapareceu



A inspiração não a abandonou. Nem por um segundo, nem por um momento. Ela somente não mais compartilhou, pois densa demais se tornou. O ar sólido se petrificou. Congelou naquele pulmão que queimava brasa avermelhada. Virou tormenta e escorregou como pesadas gotas. Maculou a pureza da terra cada vez mais molhada. E de repente.. não mais que de repente, ela não mais suportou. E ela fugia. Corria do que, dessa vez, sabia. E num piscar de olhos, a neblina a escondeu. Ela desapareceu.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010



(Foto por mim, de um-outro-qualquer um - único que passou em Veneza, num dia chuvoso)


"[...] não sonharia em dizer que o homem é um ente inteiramente racional [...] estou consciente não só do poder das emoções na vida humana, mas também de seu valor" (K. Popper).

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

DIREITO E DITADURA



O Programa de Educação Tutorial em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina promoverá, entre os dias 25 e 29 de outubro de 2010, o Seminário Direito e Ditadura, visando ao intercâmbio multidisciplinar de conhecimentos, ao debate de ideias e à criação de espaços críticos de diálogos entre aqueles que se interessam e estudam o tema.

O evento contará com conferências, mesas de debate, painéis e também com uma mostra de trabalhos, apresentados na forma de comunicações orais e, posteriormente, publicados em anais na forma de artigos científicos.

Para saber mais: http://petdireito.blogspot.com/

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Warat dibuja algunas ideas sobre la educacion molecular

"Hoy quiero hacer algunos comentarios sobre las actitues de los docentes, ya sea para proteger sus ignorancia, por elitismo o por inercia en la reproduccion de un modelo inmstitucionalizado de docente.

El docente, en su gran mayoria ejercita las distancias. El docente se encarga, dentro de sus principales actividades a la construcción de distancias entre los profesores y los alumnos. Toda aproximación tiende a ser castigada

La conexion afectiva, dice el gran preconcepto precisa ser disuelta. Como resultado el profesor enseña contenidos sin poner su cuerpo en el proceso. Esa tendencia propcura ser hoy eliminada, por lo menos es la propuesta del movimiento de arte y Derecho. La enseñanza apoyada en varias mascaras de distancia es monológica. La implicación del docente por medio de la construcción de espacios de sensibilidad es dialógico. Es la docencia que instala en las clases al club molecular.

La distancia molecular es un muro, que a fines del siglo XX comienza a presentar puntos de fisura. Trabajando los fisuras pretendemos repararlas, o intervenir sobre el muro, tendiendo a destruir el muro con martillazos de sensibilidad. Las distancias terminan por arrollar a los alumnos, negado la potencializacion de cada alumno por la efectividad. Las universidades construidas a partir de las distancias docentes son como fortalezas amurralladas que dividen su espacio entre los que saben y mantienen la distancia con los alumnos que no abren. Lo que es una absoluta ignomonia.

En este modelo nadie toma en cuenta los devenires de subjetividad de los alumnos. En las instituciones educacionales basadas en las distancias todos tienen miedo, fundamentalmente tiene miedo a la vida."

(Por Luis Alberto Warat, postado em 11.09.2010)
http://luisalbertowarat.blogspot.com/

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A visita


O escostar o dedo fez com que a campainha do local quase vazio soasse. Ela, em frente à porta, esperava pacientemente sua abertura para poder adentrar no apartamento iluminado pela claridade matinal; em sua magreza austera de toda uma vida. Os trajes elegantes estavam sóbrios, excepcionalmente para uma segunda-feira não eram brancos. O cabelo cuidadosamente penteado. Os grandes óculos escuros cobriam seus olhos amarelados que sempre brilharam feito pedras preciosas. Quando nova, achava que tivessem lhe arrancado os secos olhos que não podiam chorar e colocado grandes safiras amarelas no lugar. Ela, filha das cachoeiras de águas límpidas, fazia brilhar o mais puro ouro que agora fora transformado em carvão pelas lentes negras. Caminhei até a porta para recebê-la com um abraço que não mais suportava a saudade. A mesma altura separada por duas gerações. Os dela, tão cheios de vida. Os meus, negros, dispensavam a sombra dos óculos para a divisão esconder, ora a melancolia, ora a alegria, o breu da noite, a claridade do dia, a fragilidade por detrás d'uma força que se deixava transparecer. As janelas abertas permitiam que os raios de sol manchassem as paredes na mistura com a fumaça acinzentada que exalava do defumador de alecrim e alfazema que ainda não havia acabado de queimar. - Não esqueça de que a água deve descer junto com água corrente. Ela me preveniu. Esse momentos me lembram do eu-infância que ia ao apartamento dela e sentia o mesmo aroma que fugia do quarto do meio para perfumar ansiosamente todo o ambiente. Lembranças de um passado tão presente na memória, de atos e fatos, de cheiros e gostos, do que se sentia e não se entendia. Não se podia precisar. É bem provável que eu não quisesse precisar, não quisesse entender algo que fugia a minha compreensão que conhecia o brinquedo que não me pertencia. E mesmo assim, invadiam-me a espinha de um respirar com o coração. Antes, o carrinho que era dele. Hoje uma rubra rosa para ela junto a mim, cuja presença eu sinto mesmo na ausência. Do estar quando supostamente não se está. De toda a vez que os ventos fazer balançar os cabelos e o roseiral de flores rubis se eleva ao ar. E agora aquela ela presente na presença, com sua sólida postura ereta que conservou para camuflar a paz que me traz e que faz reavivar todo o nunca-esquecido de fantasias reais e de realidades que, poder-se-ia dizer, mais irreais do que fantasias. Esse momentos únicos que vivo ao lado dela são tão sonhos quanto o são verdadeiros. É bem provável que ela, tal como a dos cabelos esvoaçantes, tenha essa mágica capacidade de estar quando não se está, transformando qualquer segundo, que muito bem poderia ser comum, em sensação de pertencimento. Eu lhe disse: - Nunca estive tão consciente da minha felicidade. Não poderia imaginar qualquer outro locar para estar, qualquer outro eu para ser ou corpo para habitar. Foi um futuro-presente escolhido possivelmente consciente ou inconsciente, possivelmente racionalidade, possivelmente sensibilidade. Escolhas de todos os momentos em que eu mesma escolhi esse sentimento * que traz a única felicidade que eu poderia aspirar. - Estou em paz, não te preocupes. Sou tão feliz quanto gostaria de ser.