segunda-feira, 18 de abril de 2011

Fome demais



E anda com tanta fome...

Fome de literatura, fome de poesia, fome de aventura e fome de melodia.

E anda com fome de partir, fome de viajar, fome de sentir, fome demais para acordar.

E anda com fome de se despir, de imaginar, de não controlar, de cair.

Fome de cair caindo, de deixar o vento segurar, o coração palpitar, o medo superar.

Fome dessa gravidade, que para sentir, não ter idade.

Fome de não querer apertar o botão, só quando quase atingir o chão.

E daí, fome de tocar a terra molhada, fome do sereno que cai durante a madrugada.

Fome de deitar na relva, sob a luz do luar. Fome de sentir na pele, fome de aliviar.

E essa fome de sonhar acordada, de olhar para o nada.

Fome demais, até ficar breve...

domingo, 17 de abril de 2011

“- Sabe.. eu ainda tenho vontade de viver aquela história de novo.”. Ela me disse.

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- E por que não?

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“- Ah.. já ficou no passado. Acho que agora eu poderia viver ela de uma forma mais madura. Com toda a podridão, se eu pudesse voltar atrás, ou melhor.. começar de novo.. Porque acho que hoje eu viveria sem aquela cegueira da paixão e, ainda assim, sedentamente, com uma sede de paixão sem fim.”.

terça-feira, 12 de abril de 2011

O funil(a)


Uma conversa a três a respeito, nos desculpem o pleonasmo, do funil que afunila. Que afunila cada vez mais, ao ponto de um dia, talvez à contragosto, não passar nem uma gota d'água rubra com gosto. Azeda, azeda essa ideia que de, tão só, evapora a gota que pelo funil não desce. Se desvanece. Conversam a música, o aroma e o sabor. Conversam a solidão, a ausência e a vontade de potência. Conversam sobre isso que é e não é. Sobre um futuro que, de tão longe, é sentido ao lado. O futuro que mora ao lado. Conversam sobre o que pode ser e o que virá a acontecer. E daí tentam transformar tudo o que falam no não entendível, no não audível, na falta. Pois a melodia invadiu e tornou tudo um vácuo, em espaço branco que, de tão branco, não é relativo e não se sabe branco.