sexta-feira, 24 de dezembro de 2010



Hay hombres que luchan un dia y son buenos.

Hay otros que luchan un año y son mejores.

Hay quienes luchan muchos años y son muy buenos.

Pero hay los que luchan toda la vida: esos son los imprescindibles.



(Bertolt Brecht)

E aí então, quotando Fernando Pessoa,
em livro do desassossego,
diria que estamos cansados de termos sonhado,
pero nunca cansados de sonhar...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Seguimos deseando rosas!



"Que yo sepa, nadie está usando los elementos del aire que dan dirección y movimiento a nuestras vidas . Sólo los asesinos parecen extraer de la vida, en grado satisfatório lo que le aportan. La época exige violencia, pero sólo estamos obteniendo explosiones abortivas. Las revoluciones quedan sesgadas en flor, o bien triunfan demasiado deprisa. La pasión se consume rápidamente. Los hombres recurren a las ideas comme d'habitude. No se propone nada que pueda durar más de veinticuatro horas. Estamos vivendo un millón de vidas en el espacio de una generación. Obtenemos más del estudio de la entomología, o de la vida en las profundidades marinas, o de la actividad celular..."

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(Henry Miller, Trópico de Câncer)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010





Passamos boa parte do tempo desejando uma oportunidade para fazer valer a concepção do bom e do justo que assumimos e continuamos a assumir no decorrer da nossa vida. Alguns atuam. Outros apenas passivamente esperam o dia chegar. E aí, quando temos a oportunidade de realmente decidir, cambaleamos. Afinal, parte de um ponto zero é sempre um risco. Podemos acertar, mas também, quando caminhamos, podemos tropeçar e cair. Enfim, podemos errar. Mais do que isso, nossa concepção do bom e justo pode ser (e provavelmente será) diferente para as outras pessoas. Então nossos acertos podem ser tidos como meros fracassos, um “deu errado”. Mas, se no íntimo mantivermos sempre essa vontade-projeto libertário, de fazer o bem, de emancipação, já partiremos, desde o princípio, do certo, do bom e do justo.
E posso dizer que me orgulho de quem, dessa maneira, deixa o coração e o amor falar por si só, de quem mantem o coração puro, de quem não deixa que ele se corrompa. Além disso, de quem olha para frente, mesmo sabendo que existem milhares de pequenas pedras no trajeto, mesmo sabendo que a estrada de terra é cortada por muitos troncos caídos, mas também por límpidas aguas de riacho e uma boa sombra da copa das árvores sólidas que permitem um novo tomar fôlego quando se cansou. Seguir o caminho do coração é sempre seguir o caminho mais difícil e turbulento, mas também é o único caminho que permite ascender à verdadeira felicidade.
Sempre existirá uma luz no final do túnel, um farol em meio à imensidão do oceano, um ombro amigo para quem chora, a luz das estrelas por dentre as folhagens das matas verdes de brado alto. Finalizo o post com um incentivo e com toda a minha força de ajuda para os puros do coração darem um passo de cada vez, mas seguirem em frente, sem temor, e continuem a acreditar em si.

Devo dizer que, por um (espero eu curto) espaço de tempo, e por motivos pessoais, me silenciarei para preservar minha intimidade e a daqueles a quem amo. Continuarei, obviamente, a falar pelas vozes de outros e outras, por seus escritos que falam por si só, que falam por mim.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

L.ARTE: com saudades e carinho




Querido, você me dizer que eu te hizo entender que sabia el significado de saudades, pero que nunca lo habia sentido. Pero eu sinto. E como tem sido, ni espanõl, ni português. E repito lo que me foi dito, dentre los interditos, es increible las intuiciones que nos atraviesan, nos adivinamos y nos esperamos sin palabras como la Maga y Cortazar en Paris. Filho do mesmo pai, carrega consigo a mesma pequena medalha do peito, vencedor de demanda. Rezaste a los doce dioses del candomble que muevan los busios del destino. Agora eu rezo aos orixás para que te ajudem. Meu coração fala com amor. Paz, amor e esperança.

Beso en su corazon, daquela que era chamada de Maga.



segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Um pé descalço





Decidi passar a tarde chuvosa lendo Pablo Gentili ao invés de me deitar no sofá para ver o filme que meu pai me trouxe ontem e que me animava muito, principalmente depois das várias indicações das amigas. Algo no livro me chamava, gritava pela minha presença. E assim, sem qualquer dúvida, decidi trocar a gargalhada certa, mas muda, por lágrimas de desespero profundo e alegria de força. Pablo começa um artigo mágico ao descrever seu passeio com o filho ao supermercado e conta que, ao ver um dos sapatos do bebe quase cair, retirou-o. Mateo ficou sentado no carrinho com apenas um sapato, apenas um pé coberto. E assim, ao andar pela rua, em todos os momentos Pablo foi alertado de que seu filho havia perdido um sapatinho. O contentamento do cuidado cedeu lugar, em pouco tempo, a um sentimento de tristeza. Na cidade do Rio de Janeiro, assim como em Florianópolis, a miséria convive com o luxo e a ostentação. O pé descalço - apenas um pé descalço - de um menino de classe média é motivo para uma excessiva preocupação, ao passo em que as milhares de crianças de dois pés descalços são esquecidas.
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"A possibilidade de reconhecer ou perceber acontecimentos é uma forma de definir os limites sempre arbitrários entre o 'normal' e o 'anormal', o aceito e o negado, o permitido e o proibido. É por isso que, enquanto é 'anormal' que um menino de classe média ande descalço, é absolutamente 'normal' que centenas de meninos de rua andem sem sapatos, perambulando pelas ruas de Copacabana pedindo esmolas.
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A 'anormalidade' torna os acontecimentos visíveis, ao mesmo tempo em que a 'normalidade' costuma ter a capacidade de ocultá-los. O 'normal' se torna cotidiano. E a visibilidade do cotidiano se desvanece (insensível e indiferente) como produto de sua tendencial naturalização.
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Em nossas sociedades fragmentadas, os efeitos da concentração de riquezas e a ampliação de misérias, diluem-se diante da percepção cotidiana, não somente como conseqüência da frivolidade discursiva dos meios de comunicação de massas (com sua inesgotável capacidade de banalizar o que é importante e sacralizar o que é trivial), mas também pela própria força adquirida por tudo aquilo que se torna cotidiano; ou seja, o 'normal'.
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Para dizer sem muitos rodeios, o que pretendo afirmar é que, hoje, em nossas sociedades dualizadas, a exclusão é invisível aos nossos olhos. Certamente, a invisibilidade é a marca mais visível dos processos de exclusão neste milênio que começa. A exclusão e seus efeitos estão aí. São evidências cruéis e brutais mostradas nas esquinas, comentadas pelos jornais, exibidas nas telas. Entretanto, a exclusão parece ter perdido a capacidade de produzir espanto e indignação em boa parte da sociedade. Nos 'outros' e em 'nós mesmos'.
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A seletividade do olhar cotidiano é implacável: dois pés descalços não são dois pés descalços. Um é um pé que perdeu o sapato. O outro é um pé que, simplesmente, não existe. Nunca existiu nem existirá. Um é um pé de uma criança. O outro é o pé de ninguém."
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(Pablo Gentili e Chico Alencar)
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Dois pés descalços são o símbolo da ameaça que se manifesta no silêncio do que está oculto, do que é ignorado e, ao mesmo tempo, temido como efeito do desespero e da pobreza, midiaticamente posto em índice de marginalidade e criminalidade.


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

BEIJÓDROMO NA UNB

Beijódromo faz parte de um memorial na UnB; inauguração contou com presença de Lula
http://www.midianews.com.br/?pg=noticias&cat=8&idnot=36945 R7

Um espaço de convivência, usado para descanso e para estudantes namorarem. Idealizado como o encontro perfeito entre sentimento e razão, o Memorial Darcy Ribeiro, construído na UnB (Universidade de Brasília), não poderia ter nome melhor: beijódromo. O lugar foi inaugurado nesta segunda-feira (6) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O prédio vai abrigar todo o acervo do antropólogo e educador Darcy Ribeiro, que também fundou a universidade. O pitoresco apelido foi dado para um dos anfiteatros do edifício, que é dedicado aos estudantes. O presidente da Fundação Darcy Ribeiro, Paulo Ribeiro, lembrou que o antropólogo tinha apenas 34 anos quando começou a projetar a UnB. Depois de pronta, ele e o arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, teriam pedido à universidade uma área que abrigasse toda a sua obra - já naquela época era previsto o beijódromo. - Na companhia de Lelé, [ambos] sonharam e projetaram o beijódromo em cada detalhe. Darcy desejava que os alunos, depois das aulas, pudessem namorar e ver as estrelas. O prédio do beijódromo tem dois andares, em uma área total de 2.000 metros quadrados. Por fora, a construção lembra uma mistura de nave espacial e oca indígena. No interior, há um espelho d'água, salas de aula e uma biblioteca com mais de 30 mil exemplares que pertenciam ao antropólogo e à sua primeira esposa, Berta Gleizer Ribeiro. O presidente Lula, que pariticpou da inauguração, disse que Darcy foi um "pensador ousado e com coragem de ter ideias próprias sem pedir licença". - O beijódromo, com esse nome tão pitoresco [...] reflete também o lado humano de Darcy Ribeiro. E entre os arquitetos brasileiros, nenhum melhor do que Lelé, pela sua história ligada tanto a Darcy quando a UnB para dar a forma definitiva ao sonho do antropólogo que olhava para os índios imaginando que o Brasil do futuro poderia aprender com eles. A obra custou R$ 8,5 milhões sendo R$ 1,7 milhões financiados pela Fundação Darcy Ribeiro e os R$ 6,8 milhões restantes pelo governo federal. O complexo no qual os quase 29 mil alunos da universidade poderão "se pegar" deveria ter sido entregue no dia 26 de outubro, quando Darcy completaria 88 anos, mas atrasos adiaram a inauguração.
Recebido de Eduardo Rocha www.casawaratgoias.blogspot.com

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

EDUARDO GALEANO: el libro de los abrazos


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"Sí, sí, por lastimado y jodido que una esté, siempre puede uno encontrar contemporáneos en cualquier lugar del tiempo y compatriotas en cualquier lugar del mundo. Y cada vez que eso ocurre, y mientras eso dura, uno tiene la surte de sentir que es algo en la infinita soledad del universo: algo más que una ridícula mota de polvo, algo más que un fugaz momentito."

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

DIREITOS HUMANOS EM DEBATE: SEMINÁRIO


FAZER-SE(R)

"[...] estamos num momento na vida...no qual o ser humano começa a admitir a ideia de que ele mesmo é um perpétuo processo, que não é um ser, mas um fazer-se, e que, como tudo o que se está fazendo, muda."
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(Édouard Glissant: Introducción a una poética de lo diverso)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A arte das musas: "o fetichismo na música" (Theodor W. Adorno)



"[...] a música constitui, ao mesmo tempo, a manifestação imediata do instinto humano e a instância própria para o seu apaziguamento. Ela desperta a dança das deusas, ressoa da flauta de Pã, brotando ao mesmo tempo da lira de Orfeu, em torno na qual se congregam saciadas as diversas formas do instinto humano. Toda vez que a paz musical se apresenta perturbada por excitações bacânticas, pode-se falar em decadência do gosto. Entretanto, se desde o tempo da noética grega a função disciplinadora da música foi considerada um bem supremo e como tal se manteve, em nossos dias, certamente mais do que em qualquer outra época histórica, todos tendem a obedecer mais cegamente à moda musical, como aliás acontece igualmente em outros setores. Contudo, assim como não se pode qualificar de dionísica a consciência musical contemporânea das massas, da mesma forma pouco têm a ver com o gosto artístico em geral as mais recentes modificações desta consciência musical. O próprio conceito está ultrapassado. A arte responsável orienta-se por critérios que se aproximam muito do conhecimento: o lógico e o ilógico, o verdadeiro e o falto. [...']. Se perguntarmos a alguém se 'gosta' de uma música de sucesso lançada no mercado, não conseguiremos furtar-nos à suspeita de que o gostar e o não gostar já não correspondem ao estado real, ainda que a pessoa interrogada se exprima em termos de gostar e não gostar. [...] o critério de julgamento ''e o fato de a canção de sucesso ser conhecida de todos. [...] poder-se-ia perguntar: para quem a música de entretenimento serve ainda como entretenimento? Ao invés de entreter, parece que tal música contribui ainda mais apara o emudecimento dos homens, para a morte da linguagem como expressão, para a incapacidade de comunicação. A música de entretenimento preenche os vazios do silência que se instalam entre as pessoas deformadas pelo medo, pelo cansaço e pela docilidade de escravos sem exigência. [...] Se ninguém mais é capaz de falar realmente, é óbvio também que já ninguém é capaz de ouvir. [...]."


(Theodor W. Adorno - Ueber Fetischcharakter Fetischchrakter in der Musik und die Regression des Hoerens, 1963).

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ambiguidade

Elogio a tentativa de não racionalização e no fundo, bem no fundo, está escancarado: tenho pavor de perder o controle. Então penetro o ser de cores, de melodia, de novos ares e de poesia, de 'inspiros' e 'expiros', as vezes disfarçadamente sussurrados, mas talvez tudo numa pretensa tentativa obsessiva de disfarçar o que não posso dominar. Supor que toda a aparência de descontrole advém da tentativa desenfreada e neurótica de controle de tudo o que respiro. Me enclausuro. Me fecho nos silenciados do falar sem parar, nas contradições do que foi dito e do que se pensou, nos atos falhos percebidos logo após pronunciados. Assim é verdade o que dizia S.F., nenhum humano consegue guardar um segredo. Se os lábios se calam, ele se trai por inteiro, se denuncia por todos os poros. Mas odeio demonstrar vulnerabilidade. E aí me fecho. Me enclausuro em torres e subo em pedestal. Maldito medo. E essa é uma tentativa de admitir o medo para me livrar dele.