sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Juan Manuel Serrat - Penelope

Penélope, con su bolso de piel marrón
y sus zapatos de tacón y su vestido de domingo...

...se sienta en un banco en el andén
y espera a que llegue el primer tren meneando el abanico.

Dicen en el pueblo que un caminante paró su reloj
una tarde de primavera.

"Adiós, amor mío, no me llores,
volveré antes que de los sauces caigan las hojas.

Piensa en mí...por tí."

Pobre infeliz, se paró su reloj infantil
una tarde plomiza de abril cuando se fue su amante.

Se marchitó en tu huerto hasta la última flor,
no hay un sauce en la calle Mayor para...
...tristes a fuerza de esperar, sus ojos parecen brillar
si un tren silba a lo lejos...

...uno tras otro los ve pasar, mira sus caras,
les oye hablar, para ella son muñecos...
...que el caminante volvió y la encontró en su banco de pino verde.

La llamó: "Penélope, mi amante fiel, mi paz,
deja ya de tejer sueños en tu mente.
Mírame, soy tu amor, regresé."
Le sonrió, con los ojos llenitos de ayer,
"no era así tu cara ni tu piel,
tú no eres quien yo espero".

Y se quedó...sentada en la estación...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010




Sento-me em uma mesa em meio a calçada da rua Rodriguez Peña para tentar colocar num papel o imenso turbilhão de pensamentos freneticamente calmos que desassossegam meu eu por inteiro. A usual insônia me proibiu de pregar os olhos na vontade do pouco descanso que poderia ter na noite de domingo. Após mudar de posição em minha cama por cinco vezes, em uma tentativa não vitoriosa de dormir, decidi por bem parar de forçar meu corpo que se animava cada vez mais. Convencida, levantei-me e, depois de vestida com a roupa de sair, afofei os travesseiros e encostei-me confortavelmente para continuar a leitura do livro os irmãos Karamázov. Num instante, apenas num piscar de olhos, percebi que o relógio que aparentemente cinco minutos antes marcava meia noite, já soava as badaladas das duas horas da madrugada.

Meus dedos que firmemente seguram a caneta agora correm o papel sem obedecer meus pensamentos. Não temo esquecimento. Os silenciados é que fazem erigir a beleza do texto. Não me atreveria a tornar tudo claro. Jamais poderia tentar fazer com que os desconexos se tornassem conexos, pois aí sim não fariam sentido algum.

Ainda sem pregar os olhos, me dirigi ao aeroporto para embarcar no voo das quatro horas e meia. E dentro do avião, a pequena tentativa de retomar a leitura foi cancelada pela chegada de uma nova amizade de alguém que, como eu, não consegue manter a língua em seu suposto lugar, es decir, dentro da boca. Como diria a hiena do Rei Leão, em boca fechada não entra mosca. Duas horas de linguagem tão próxima e, ao mesmo tempo, tão diferente. Começo a novamente me familiarizar com um antigo novo. O avião pousou por volta das seis e meia, mas somente deixei o aeroporto uma hora depois, pronta para inteirar-me das últimas notícias da cidade, enquanto apreciava a vista. Política, economia, etc. E o táxi chegou rápido demais no destino para que eu pudesse alimentar satisfatoriamente a minha ânsia de querer saber cada vez mais. Despedi-me do motorista e somente larguei a mala no saguão de casa para enfim perceber que meu estômago já estava quase colado com superbonder em minhas costas.

Parti em busca de café-da-manhã, sem seguir caminho certo, mas já tão certa do local aonde minhas pernas iriam me levar. No caminho, esqueço-me de tudo. Esqueço-me de mim. Esqueço-me da fome. Algumas cinco quadras. Incontáveis árvores de folhas verde-jade que, em por alguns instantes, deixam os pequenos raios de sol passar por entre os galhos. Respiro a saudade que me aperta o peito dessa cidade que permanece igualmente intocável no tempo de minhas lembranças e, ainda assim, completamente renovada. Cominho em frente às lojas ainda fechadas da avenida Alvear e, de olhos semicerrados, subo a pequena escada de degraus curtos que me colocará diante da magnífica praça em frente ao local escolhido. Paro na banca da esquina para comprar o diário do dia. O Clarín está escondido, me diz o vendedor. Pago o jornal e me sento em uma mesa fora no café La Biela. E então, não consigo esconder o sorriso que meus lábios esboçam ao olhar para esse lugar que, embora tão culturalmente diferente, tem espaço cativo no meu coração. Em pouco tempo, o jornal sobre a mesa passa a dividir espaço com torradas, iogurte e um saboroso café colombiano. Entre um gole e outro, me divirto com a charge e me perco em pensamentos ao ler algumas manchetes importantes.

Contemplo o dia ensolarado por mais alguns instantes até decidir me levantar e passar no supermercado para levar algumas coisas para minha, por pouco tempo, nova cada. Nem hotel nem apartamento. Uma mistura de hotel e apartamento que converge num chamado apart e que precisa urgentemente de coisas para ficar aconchegantemente um lar. Subo a rua Rodriguez Peña e me sento imobilizada em frente ao café que faz divisa com o mercado e que me convida gentilmente para sentar em uma das mesas da calçada, acompanhada por outra boa xícara de café quente e de uma verde garrafa de vidro d’água dos andes, dessas garrafas que já quase não vemos mais por aí e que cada vez mais cedem lugar às tão sem charme garrafas pet. Perco a noção do tempo.

Algumas páginas de papel branco são manchadas permanentemente de tinta azul. Vários bon dia, com aquele d fechado e quase estridente que responde alegremente a felicidade de um recomeço de dia das pessoas que passam ao meu lado. Alguns que caminham descompromissadamente. Outros em passos largos denunciam um possível atraso para o início da jornada de trabalho. Senhoras empurram carrinhos da feira de frutas e legumes da semana, com seus cabelos cuidadosamente presos.

Encho novamente a taça com água fresca e aproveito para respirar profundamente. Guardo a caneta e o papel para poder explorar algumas ruas em minha volta, algumas já pisadas, outras não, a maioria quase escondida pela sombra da copa das árvores da Recoleta que insistem em crescer mais do que os antigos prédios com portas de madeira. E assim, nesse vai não vem o dia passa e eu somente volto a escrever por volta das duas horas da madrugada de quarta-feira, já dia do censo. [...] a continuar.

sábado, 23 de outubro de 2010

Suspiro


(em Annecy, não me pergunte, não conheço...)


Inicio este pequeno suspiro inspirada por uma dúvida que me assola por um certo tempo. A conversa da madrugada de ontem me fez novamente refletir. Nenhum ponto final. Então expiro. Porque enquanto eu viver, respiro. Inspiro. Expiro. Pronta para novamente inspirar. Tudo num ciclo sem fim. E suspiro. Em todos os momentos, suspiro. E essa mania louca de fugir do assunto, me diriam se estivesse escrevendo a redação para o vestibular. Provavelmente não passaria. Não haveria início, desenvolvimento e conclusão. As histórias não se iniciam no início. Muitas vezes, o início se dá quando percebe-mo-nos mergulhados por inteiro. Molhados. Encharcados. E o fim? De que fim se fala? Como se conclui uma história? São sempre inconclusas. São jogadas ao vento, largadas no tempo. A semente é levada pela abelha junto ao pólen, não se sabe se vai cair e, se cair, se irá germinar. Mas se eu tiver que escolher um início, mesmo que não seja um início, diria que me assola se pensamentos germinantes a pergunta que me costumam fazer: “Você conhece determinado lugar?”. E a dúvida. Como responder? As vezes estive nesse lugar. Outras não. Alguns eu vi por fotos, por filmes, pela memória dos outros. Mas se estive ou se não estive, posso dizer que efetivamente conheço? Essas indagações nunca fizeram parte das minhas respostas. Me demandaram demasiadas explicações. Além disso, diriam: “A chata”. E realmente não gosto muito dessa definição, o chato não roda, não move, não anda, não muda. E também, essa dúvida me faz pensar em várias outras. Me conheço? Naturalmente, ou melhor, normalmente – para que haja um cuidado com as palavras empregadas – espero, de mim e dos outros, determinado comportamento. Como se houvesse possibilidade de se ser linear. Pura besteira. Uma cadeia estímulo-resposta que construímos pela observação de fatos passados e que deveria se repetir. Assim, admitimos uma, embora frágil, previsibilidade. Obviamente que essas respostas aos estímulos não são imutáveis. De fato, são tão variadas que me fazem desacreditar que conheço a mim. Justamente por isso, refleti a respeito da conversa de ontem. No passado – um ontem que pode ou não ter sido ontem –, espantava-se descobrir que algumas pessoas especulavam sobre minha vida. Justifico. Pensava em qual poderia ser o interesse de se especular sobre a vida de uma pessoa que sempre fez questão se tornar a privacidade pública. Claramente que, entre os ditos, sempre ficam os silenciados. É bem provável que as palavras em demasia servem se escudo que camufla o que não se quer dizer ou o que não se pode dar a saber, ou mesmo o que não se pode conceber, mesmo que apenas naquele segundo. Por muito que se exponha (expire), muito mais se inspira, se esconde. Entre olhares e silêncios, a base do iceberg só é visível depois de ter rompido o casco do navio, pelo menos foi assim com o Titanic. E esse mistério da revelação do ainda não re-velado, ou seja, do que ainda está velado, aguça a curiosidade alheia. Para voltar ao assunto lugares, já que me permiti uma pequena pausa de fuga, acredito que não posso, nem nunca poderei, dizer que conheço. Pelo menos sem estar sendo desonesta. Mesmo em se tratando do local onde moro, onde morei. Tenho alma de cigana peregrina, nada conheço. E por isso que digo que as frutas por vezes estão mais doces, por vezes menos. As vezes estão podres. As vezes brilham tanto que parecem ter sido enceradas. Mas o paladar também muda. Se refina. E assim as cidades também. Conhecer pontos turísticos, mapas, guias. E o que se conheceu? Nada, mas se confirmou o que estava catalogado. Realmente – o real –, a monalisa está no louvre. E ainda por cima, sem flash, se pode fotografá-la (para depois se mostrar aos outros que nos invejaram, por absoluta certeza). Prefiro não conhecer. Prefiro me perder em pequenas ruelas que sequer sei o nome. Sentir aromas diferentes no ar. Sentir-me outra. Visitar pequenos cafés e me deliciar vendo os nativos em suas rotinas diárias. E se eu voltar nessa mesma rua, provavelmente vou achar que nunca havia estado nela antes. O paladar se refinou. Talvez a próprio maça tenha se adocicado, dependendo da estação do ano. E me perco. Aí, então, volto a inspirar. Expiro. E nunca deixo de suspirar.


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Por uma rotina divertida


(Kush)


Se a gente faz da diversão uma rotina, o divertido perde seu ar de novidade e se transforma em rotina entediante ou a rotina se torna divertida e ludicamente cheia de vida? E se a gente parar de resmungar o tempo todo e começar a vislumbrar os inesperados de todos os instantes, que nunca podem ser completamente calculados, como uma forma de surpresa, que na infância sempre é o melhor tipo de diversão, não estariamos vivendo uma rotina de novidades divertidas? Acho que sim. Brindo aos que vivem fazendo da vida uma poesia sem fim.

Leilane's result: Diadorim
“Se a outra só tem no olhar, a cigana dissimulada é você encarnada. Espírito livre (e, às vezes, rancoroso) você não se deixa mostrar por completo. É perigosa e desnorteia aqueles a sua volta, há quem te confunda com o próprio capeta. Mas quanto... quanto amor você não suscita!”
Take Quiz

Normalmente não gosto de quizzes, mas não é que esse é dos bons...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Cultura do Controle: A maldição do colar

Cultura do Controle: A maldição do colar: " Na rua quase deserta de um bairro pobre, passeia uma moça com um colar de diamantes, cuja função ornamental não é capaz de justificar m..."

A grande moral

André Lux
http://tudo-em-cima.blogspot.com/

http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1652


Que a revista Veja não passa de um panfleto da extrema direita tupiniquim, atualmente a serviço da campanha de José Serra, ninguém tem mais dúvida. Por isso não vou chover no molhado. Com o advento da internet e o surgimento da blogosfera progressista, as mentiras, os factóides e a hipocrisia de Veja passaram a ser desmascaradas em questão de dias, depois horas e agora... minutos!

A galera do twitter estava de olho esperando o que o pasquim dos Civita ia aprontar contra Dilma e... bingo: aborto! O objetivo é claro, mostrar que Dilma é "do mal", a favor de "matar criancinhas", além de mentirosa e incoerente.



Mas é mais um tiro no pé. Bastou Veja divulgar a capa "bombástica" que alguém pesquisou e achou outra capa da mesma revista, de setembro de 1997, que trazia uma matéria séria sobre o tema, amplamente favorável à liberação do aborto, com confissões abertas inclusive feitas por celebridades! Confira:



"NÓS FIZEMOS ABORTO"

Mulheres de três gerações enfrentam a lei, o medo
e o preconceito e revelam suas experiências


- Andréa Barros, Angélica Santa Cruz e Neuza Sanches

ELAS RESOLVERAM FALAR. Quebrando o muro de silêncio que sempre cercou o aborto, oito dezenas de mulheres procuradas por VEJA decidiram contar como aconteceu, quando, por quê. Falaram atrizes, cantoras, intelectuais mas também operárias, domésticas, donas de casa. Falaram de angústia, de culpa, de dor e de solidão. Também falaram de clínicas mal equipadas, de médicos sem escrúpulos, de enfermeiras sem preparo, de maridos e namorados ausentes. A apresentadora Hebe Camargo contou que, quando era uma jovem de 18 anos, ficou grávida do primeiro namorado e foi parar nas mãos de uma curiosa que fez a cirurgia sem anestesia nem cuidado. A atriz Aracy Balabanian, a Cassandra do Sai de Baixo, ficou grávida quando estava chegando aos 40 anos e dando fim a um longo relacionamento. Resolveu fazer o aborto, convencida de que a criança não teria um bom pai nem ela seria capaz de criá-la sozinha. Metalúrgica da Força Sindical, a mineira Nair Goulart, 45 anos, fez dois abortos nos anos 70 por motivos econômicos. Ela e o marido, também operário, ganhavam pouco, viviam num quarto de despejo e não teriam meios de educar nenhum filho.

Quando o Congresso brasileiro debate a regulamentação de uma legislação que autoriza a realização de aborto apenas em caso de estupro e de risco de vida para a mãe como está previsto no Código Penal desde 1940 , a disposição das mulheres que falaram a VEJA não é apenas oportuna, mas também corajosa. Embora o 1º Tribunal do Júri de São Paulo, o maior do país, já tenha completado mais de uma década sem condenar nenhuma mulher em função do aborto, a legislação estabelece para esses casos penas que vão de um a três anos de prisão. E a maioria delas não fez aborto pelos motivos previstos em lei, mas porque, cada uma em seu momento, cada uma com sua história pessoal, considerou as circunstâncias e concluiu que interromper a gravidez era uma saída menos dolorosa do que ter um filho que não poderia criar. (a reportagem continua neste link).



Ah, outra coisa importante: a blogosfera também desencavou uma reportagem da revista TRIP de nº 41, na qual Soninha Francine declarou que já tinha feito aborto e que era favorável à descriminalização. (link aqui).



Detalhe: Soninha, ex-esquerdista e atual neocon renascida, é uma das coordenadoras de campanha de José Serra (PSDB). Ela é cotada para ser Ministra de Serra, se ele vencesse, e atua na campanha sobretudo na internet. E é pela internet, através de emails em massa, que partidários de Serra espalham a campanha de ódio e difamação contra Dilma.

Se não me engano, a denúncia foi feita pelo blog Os Amigos do Presidente Lula, que fez questão de comentar: "Nós não somos como eles, e não vamos apedrejar Soninha. O próprio cristianismo ensina que, quem não tiver pecados, que atire a primeira pedra. Vamos só denunciar essa hipocrisia, essa má-fé, o falso testemunho, e esse uso do nome do Senhor em vão, com fins eleitoreiros, pelos partidários de José Serra."

E agora, José Serra? Será que sua esposinha vai sair por aí gritando aos quatro ventos que a Hebe Camargo e Soninha gostam de "matar criancinhas"? Quem viver, verá...

Monica Serra contou ter feito aborto, diz ex-aluna

Reportagem tentou ouvir mulher de candidato tucano por dois dias, sem sucesso
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA

O discurso do candidato à Presidência José Serra (PSDB) de que é contra o aborto por "valores cristãos", que impedem a interrupção da gravidez em quaisquer circunstâncias, é questionado por ex-alunas de sua mulher, Monica Serra.
Num evento no Rio, há um mês, a psicóloga teria dito a um evangélico, segundo a Agência Estado, que a candidata Dilma Rousseff (PT), que já defendeu a descriminalização do aborto, é a favor de "matar criancinhas".
Segundo relato feito à Folha por ex-alunas de Monica no curso de dança da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a então professora lhes contou em uma aula, em 1992, que fez um aborto quando estava no exílio com o marido.
Depois do golpe militar no Brasil, Serra se mudou para o Chile, onde conheceu a mulher. Em 1973, com o golpe que levou Augusto Pinochet ao poder, o casal se mudou para os Estados Unidos.

OUTRO LADO
A Folha tentou falar com Monica Serra durante dois dias para comentar o relato das ex-alunas, sem sucesso.
Um dia depois do debate da TV Bandeirantes, no domingo, 10, a bailarina Sheila Canevacci Ribeiro, 37, postou uma mensagem em seu Facebook para "deixar a minha indignação pelo posicionamento escorregadio de José Serra" em relação ao tema.
Ela escreveu que Serra não respeitava "tantas mulheres, começando pela sua própria mulher. Sim, Monica Serra já fez um aborto". A mensagem foi replicada em outras páginas do site e em blogs.
"Com todo respeito que devo a essa minha professora, gostaria de revelar publicamente que muitas de nossas aulas foram regadas a discussões sobre o seu aborto traumático", escreveu Sheila no Facebook. "Devemos prender Monica Serra caso seu marido fosse [sic] eleito presidente?"
À Folha a bailarina diz que "confirma cem por cento" tudo o que escreveu. Sheila afirma que não é filiada a partido político. Diz ter votado em Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) no primeiro turno. No segundo, estará no Líbano, onde participará de performance de arte.
Se estivesse no Brasil, optaria por Dilma Rousseff (PT). Sheila é filha da socióloga Majô Ribeiro, que foi aluna de mestrado na USP de Eva Blay, suplente de Fernando Henrique Cardoso no Senado em 1993. Majô foi pesquisadora do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero da USP, fundado pela primeira-dama Ruth Cardoso (1930-2008).
Militante feminista, Majô foi candidata derrotada a vereadora e a vice-prefeita em Osasco pelo PSDB.
A socióloga disse à Folha estar "preocupada" com a filha, mas afirma que a criou para "ser uma mulher livre" e que ela "agiu como cidadã".
Sheila é casada com o antropólogo italiano Massimo Canevacci, que foi professor de antropologia cultural na Universidade La Sapienza, em Roma, e hoje dirige pesquisas no Brasil.
A Folha localizou uma colega de classe de Sheila pelo Facebook. Professora de dança em Brasília, ela concordou em falar sob a condição de anonimato.
Contou que, nas aulas, as alunas se sentavam em círculos, criando uma situação de intimidade. Enquanto fazia gestos de dança, Monica explicava como marcas e traumas da vida alteram movimentos do corpo e se refletem na vida cotidiana.
Segundo a ex-estudante, as pessoas compartilhavam suas histórias, algo comum em uma aula de psicologia.
Nesse contexto, afirmou, Monica compartilhou sua história com o grupo de alunas. Disse ter feito o aborto por causa da ditadura.
Ainda de acordo com a ex-aluna, Monica disse que o futuro dela e do marido, José Serra, era muito incerto.
Quando engravidou, teria relatado Monica à então aluna, o casal se viu numa situação muito vulnerável.
"Ela não confessou. Ela contou", diz Sheila Canevacci. "Não sou uma pessoa denunciando coisas. Mas [ela é] uma pessoa pública, que fala em público que é contra o aborto, é errado. Ela tem uma responsabilidade ética."

São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2010
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1610201011.htm

Colaboraram LIGIA MESQUITA e MARCUS PRETO , de São Paulo

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Les chansons de Lennon sous coffret zen: me de um pouco de verdade


"Les Beatles, encore et toujours. L'année 2009 avait été celle de la parution événementielle de l'ensemble des enregistrements du groupe britannique enfin mis techniquement au plus près de leur splendeur originelle. L'année 2011 devrait être celle de Paul McCartney, dont le catalogue phonographique va être réédité, avec dès le 8 novembre la sortie de Band on the Run (1973), succès planétaire de son groupe post-Beatles, The Wings. Mais, pour l'heure, l'année 2010 est celle de John Lennon (1940-1980), avec un ensemble de parutions - depuis début octobre - supervisé par sa veuve, Yoko Ono, portant un nom de campagne politique : "Gimme Some Truth" (donnez-moi un peu de vérité). [...]

John Lennon Signature Box, 1 coffret de 11 CD, Capitol/EMI. Albums disponibles individuellement (sauf celui avec les singles et les inédits).

Power To The People-The Hits, 1 CD EMI."

(http://www.lemonde.fr/culture/article/2010/10/18/les-chansons-de-lennon-sous-coffret-zen_1427777_3246.html)


domingo, 17 de outubro de 2010

À VIDA, AOS AMORES, AOS AMIGOS, À FELICIDADE, AO NOVO, À ESPERA, À BUSCA, AO TODO

"A humanidade se sutenta em ficções. Mas, são ficções formosas das quais não podemos prescindir. Constituem nossa essência. Desse modo, nossas fantasias representadas artisticamente pela literatura, pela música, pela ciência, pela filosofia, pela religião, pela linguagem e pelo desejo, instituem o mundo que recebemos, que herdamos e que reproduzimos e que recheamos de novas fantasias, ficções e, sobretudo, de novas interpretações de fantasias antigas. [...] Em definitivo, preferimos amar, ainda que isso comporte sempre sofrimento, a não saber que amamos." (J.)

Postado por Leilane e Isabela, que acabou de confirmar presença em B.A comigo!!!!!! Cadê a FEFE???????? Tá faltando tu!!!!

sábado, 16 de outubro de 2010

O riso do samba

Ao evocar o riso para desestabilizar o instituído, Herrera também nos contou que a violência cultural não pode ser simplificada aos atos de dominação do colonizador, mas também ao próprio naturismo exaltado do colonizado. Esquecida a luta por condições materiais e imateriais o sensualismo torna-se uma busca ingênua da diferença pura, que serve para, em sentido oposto, reafirmar a superioridade do colonizador. Por isso a relevância de movimentos culturais como a antopofagia de Oswald de Andrade ou o movimento contracultural Tropicália. Não se rompe com a bossa tradicional. Ela é fecundida de jazz. O tradicional une-se ao experimento. Talvez por isso, em uma constante antropofagia, samba ainda vai nascer...

Desde que o samba é samba - Caetano Veloso

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sísifo


(kush)


Se bastasse amar, as coisas seriam muito simples. Quanto mais se
ama, mais o absurdo se consolida. Não é de modo algum por falta
de amor que Don Juan vai de mulher em mulher. É ridículo
representá-lo como um iluminado em busca do amor total. Mas é
até porque ele as ama com igual arrebatamento e a cada vez com
toda inteireza, que lhe é preciso repetir esse dom e esse
aprofundamento. Por isso cada uma espera trazer-lhe o que
ninguém nunca lhe deu. A cada vez elas se enganam
profundamente e só são bem-sucedidas e lhe fazer sentir a
necessidade dessa repetição. "Enfim," exclama uma delas, "eu lhe
dei o amor". Vamos nos espantar com Don Juan rindo disso:
"Enfim? Não," diz ele, "apenas uma vez mais". Por que seria preciso
amar raramente para amar muito?
Don Juan é triste? Isso não é verossímil. Mal terei de apelar para a
crônica. Esse riso, a insolência vitoriosa, essa agitação e o gosto
pelo teatro, tudo é claro e alegre. Todo ser saudável tende a se
multiplicar. Da mesma forma Don Juan. Mas, além disso, os tristes
têm duas razões para sê-lo: eles ignoram ou esperam. Don Juan
sabe e não espera. Ele faz pensar nesses artistas que conhecem
seus limites, não passam deles jamais e, nesse intervalo precário
em que seu espírito se instala, têm todo o desembaraço dos
mestres. E está bem aí o gênio: a inteligência que conhece suas
fronteiras. Até a fronteira da morte física, Don Juan ignora a tristeza.
Desde o instante em que ele sabe, seu riso explode e leva perdoar
tudo: Ele foi triste no tempo em que esperou. Hoje, na boca dessa
mulher, ele reencontra o gosto amargo e reconfortante da única
ciência. Amargo? Se tanto: essa necessária imperfeição que torna
possível a felicidade!
É um grande logro tentar ver em Don Juan um homem que bebeu
no Eclesiastes. Porque nada mais é vaidade, para ele, senão a
esperança de uma outra vida. Ele o prova, visto que a joga contra o
próprio céu. O pesar do desejo perdido no divertimento, esse lugarcomum
da impotência, não lhe diz respeito. Isso combina bem com
Fausto, que muito acreditou em Deus para se vender ao diabo. Para
Don Juan, a coisa é mais simples.

(A. Camus, in O mito de Sísifo)