sexta-feira, 30 de julho de 2010

O Pequeno Príncipe - Le Petit Prince - The Little Prince - El Principito

Assim como Antoine de Saint-Exupéry, em seu livro O pequeno príncipe, dedico este [...] para todas as crianças que os adultos de hoje já foram, para todos os que conservam a criança latentemente dentro de si e que conseguem compreender o universo infantil. [...]

Somente o mundo infantil pode colorir a vida com a poética das cores do arco-íris, transformando o cinza e o pálido em criatividade e felicidade. Somente o mundo infantil de amor pode humanizar o humano; fazer da solidão, a convivência na dignidade e no respeito; fazer do ser humano, adulto e criança, repleto de sensibilidade de vida.

O uni-verso adulto é marcado pela rigidez do pensamento, pela inamovibilidade, pela precisão e construção de verdades. Contudo, quando despertarmos a criança que habita em cada um e nós, permitimo-nos penetrar nos mistérios do novo e sonhar sonhos inimagináveis. Só a pureza ingênua faz-nos olhar para uma rosa e não ver uma rosa, mas uma possibilidade de novidade, o dar-se conta de uma poesia. A arte de viver a vida em prosa. O sentir verdadeiro. Não se sente simplesmente com a visão ou com a mão, sente o ser inteiro. Afinal, quem lê o livro compreende: o essencial é invisível aos olhos.

De um mundo de criatividade, um não-mundo, uma criança-príncipe chega a Terra, em meio à solidão do deserto do Saara. Com sua pureza, desarma o veneno da serpente para dar-se conta da solidão do mundo dos homens, solidão essa que cada um carrega dentro do próprio coração, tornando-o devastadoramente mais árido do que a própria aridez do deserto. Esses homens não se fixam, não criam laços intersubjetivos, não criam raízes como as flores. O vento os levam como levam as sementes de polinização.

A obra grita um desespero mudo, a angústia em busca de uma ruptura para a alegria, que só pode ocorrer com a total incorporação do pluri-verso infantil no uni-verso no qual habitamos e queremos viver. De pensamento rigoroso, o livro é coerente ao mesmo tempo que é paradoxalmente dividido entre a profunda solidão e a vontade criativa da ingenuidade. Sob o signo da morte e asfixiado pela guerra, o mundo de Saint-Exupéry busca, em uma caixa de aquarelas, a plena realização da vida. Enfim, nasce o pequeno príncipe, uma criança loura e portadora da alegria.

(29.07.2010)

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