quarta-feira, 5 de maio de 2010

Um grito ao mar


Em constante transformação de des-cobrimento para deixar guardada uma pseudo-racionalidade e tornar-me toda paixão. Para um ser completamente perdido, só há possibilidade de se encontrar quando se perde ainda mais por caminhos desconhecidos. Perder-se pela leitura mais só se reencontrar através da escrita.
Nada como um avermelhado pôr-do-sol a marcar o fim de um novo recomeço, de um tempo nem cíclico nem linear, a novamente desabrochar com o nascer do sol, ou mesmo da chuva, de um dia que ainda não começou, mas que traz consigo a esperança do por vir. Nada como observar a esperança nascer no horizonte de um mar que, por detrás da aparente imobilidade do cansaço matinal, esconde o turbilhão dos contraditórios, das alegrias e das angústias.
Nada como a primeira brisa fria de inverno cortando a face e lembrando-nos da melancólica alegria do cinza esfumaçado; ou o vento quente da primavera que inunda-nos os cabelos com o aroma foral da obviedade romântica.
Nada como saber-nos para sempre incompletos e vazios, e mesmo assim nunca desistir da felicidade, da intensidade da vida, da esperança, dos sonhos, das talvez ilusões construídas e reconstruídas. Nada como esquecer do tempo que, amigo e cruel, para uns passa depressa demais e para outros parece não andar, porque até o tempo tem seu tempo. Nada como olhar para o tudo e para o nada com os olhos da surpresa e saber-se novamente apaixonado, pelo tudo e pelo nada, enfim, pela vida.

Um comentário:

  1. por acaso acabei entrando no teu blog...bom ter encontrado aqui um espaço lúdico que expõe os teus devaneios artísticos...ainda bem que há arte nesta vida...

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