sábado, 24 de julho de 2010

Tango




A noite fria de inverno foi invadida pelo sentimento de calor que emanava de dentro do ainda vazio lugar. O breu. Algumas mesas e cadeiras que antes estavam milimetricamente arrumadas, o vazio, o silêncio. A adega já quase silente do que passou. A la media luna, ela começou a suavemente descer as escadas caracol. Uma perna após a outra num momento infinito que recusava-se a passar. Os cabelos loiros bagunçados tocavam-lhe os ombros enquanto ela segurava o chapéu perdido em frente ao rosto. Um meio olhar para fora. Ele entrou. O tango. A criação da ilusão da melancolia poética. Tudo em sintonia para o sentimento da futura perda já tão certa e nunca aceita. Uma ausência que não foi esquecida, mas que tampouco está na memória. As dores apagadas pelo vinho que não consegue completar a falta. A melodia portenha invadiu o salão, penetrou na pele dos que, ainda fora, assistiam a dramaticidade da dança do sofrimento. O fascínio. Os movimentos na intensidade do momento. O canto do amor que não se deu. Uma tentativa. Um lugar del sur.

5 comentários:

  1. Ai amiga, que doce este texto. Veio um filme na cabeça, imaginei direitinho a cena! LINDO LINDO!!!
    *_*

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  2. Pois é, noites incríveis e inesquecíveis acontece nesse lugar chamado del sur, uma noite melhor que a outra, a melhor parte que sempre tem a mesma turma, que é o que deixa a noite mais quente nessa estação tão gelada



    BJs

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  3. Oiii Ju, descrições de parte da noite de ontem! Acordei com flashes de cenas ainda na memória.. fantástico né seu Cassius? Calma calma, minha vez de fazer o show! Tem que subir na cozinha.. hehehehehehehehe! aiii adoroooo demais esses meus amigos!!!!! Tem que falar para a Fe entrar agora.. hahaha :) Obs. esqueci de colocar que parte da família foi embora antes dos melhores momentos de dramaticidade né.. hehehehehe

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  4. Bravo! Um drama merece um bom vinho e tango, um chapéu para esconder parte das lágrimas contidas. Lágrimas secas que não conseguem abraçar as maças do rosto e permanecem na garganta, calando a voz que quer gritar. A duvida lhe assalta e lhe remete ao fim da linha, num caminho impossível de advinhar. Em ato de coragem, define cada proximo passo. Define o movimento, querendo um acalento, para dormir que nem criança e perder as esperanças. Terminar com os pés no chão e acreditar no que pensa, sem deixar a ilusão fazer-lhe sucumbir, acabando com a razão que ainda acredita existir. hauhauhau bjuu leila!!!

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