terça-feira, 10 de agosto de 2010

O único minuto em que ela fugia



Ela andou. Sob o horizonte, um feixe de luz avermelhada se estendia. Não. Ela se iludia. Imaginou. Nenhuma estrela brilhou. Na escuridão, nada era visível. Só, tão só, sozinha. Em meio ao que florescia. E com o tempo, ela percebia que a poesia era apenas sentimento. Na calçada, degrau por degrau, o sangue e a alegria, tudo escorria. Porque de tudo o que ela via, nada mais conhecia. Mudou, se perdeu, transformou. E ela também, neste dia, acordou. Talvez apenas dormia, para além desse mundo de agonia. Sonhou. E a magia do momento aconteceu. Mas o poeta é apenas aquele que se arrepia. Com as palavras, um tormento erigia. Faz brotar tudo aquilo que sentia. É responsável pela euforia e melancolia de sua companhia. E a palavra que era dita, jogada ao ar, se modificou. Mas ainda escondia as vibrações de onde surgia. O sentido. E ela escreveu, não parou, não pensou. Transbordou. E ela corria, corria, corria. Fugia do que não sabia. Labirinto. O despertador tocou. Ela se levantou. Adormeceu.

(A responsável: a insônia da noite anterior)

3 comentários: